sábado, 20 de junho de 2015

EFEITOS DA GRANDE DEPRESSÃO DOS ANOS TRINTA






















O empazinamento económico gerou a fome humana, e a queda verificada na Bolsa de Valores "limpou"como uma varinha mágica, cerca de 16000 milhões de dólares em títulos, o que abalou todo o mundo capitalista: no nosso país faliram uns 5700 bancos, e em 1933 cerca de 17 milhões de trabalhadores americanos percorreriam as ruas desoladas, desempregados.
Uma parte tão grande da América estava confusa, a olhar para a esquerda e para a direita! Nas ricas terras de lavoura do Sul da Indiana vi uma cena que dir-se-ia resumir tudo. Um jovem agricultor de ombros largos avançava ruidosamente pela estrada fora, a conduzir muito a sério uma geringonça nascida da depressão: um Ford cortado ao meio, com um cavalo atrelado à metade traseira, a que tinham sido acrescentados varais. (...) "Não há dinheiro para a gasolina ", explicou o homem laconicamente, "mas a erva é de graça, ou pelo menos era da última vez." Em Duluth, cidade rainha à cabeceira de Lagos, procurei o organizador do Conselho de Desempregados, um homem da terra, que me falou das glórias da sua cidade antes da depressão (.. .). Deu-me o braço e conduziu-me ao longo das margens do lago Superior: Bateu à porta e uma pobre mulher finlandesa, talvez dos seus sessenta anos, veio abrir a limpar as mãos no avental. O homem disse-lhe que no dia seguinte haveria uma manifestação de protesto na Câmara Municipal e perguntou-lhe se ela iria e se contaria a sua história (...).
A mulher ajeitou com a mão as farripas soltas do cabelo esbranquiçado e convidou-nos a entrar na cozinha, onde havia um fogão tristemente apagado.
Disse que o marido partira para Meneápolis há sete meses, à procura de trabalho, mas não arranjara nada? Os poucos dólares que começara por mandar tinham deixado de chegar e o posto de auxílio da cidade também deixara de ajudar: "E agora?", perguntou-lhe o organizador: "E agora não há nada." O homem desviou os olhos e disse que um amigo comum informara o Conselho dos Desempregados de que ela matara o seu cão para comer. Os olhos azul-claro da mulher fitaram-nos sem pestanejar; e ela explicou:
"Tenho três filhos; era o Óscar ou eles. Não comemos mais nada durante cinco dias", as crianças tinham saído à cata de comida. Apontou uma pequena cruz de madeira junto da cerca e acrescentou: "Os pequenos enterraram os ossos de Óscar: Foi a sua mascote durante muito tempo ".Joseph North, in Nenhum Homem é Estrangeiro

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