Os Historiadores defendem que há séculos longos e curtos. O século XX teria sido curto, mas cheio. Um pouco mais de setenta anos, se considerarmos que o deflagrar da Grande Guerra em 1914 marca o fim do século XIX, com a primeira grande industrialização da matança, e que a centúria se conclui em 1991 com o desaparecimento da maior experiência em utopia da história: o comunismo soviético. (…) O século XX, que se inaugura com a Europa ainda senhora do mundo, e com o médico vienense, Sigmund Freud, entregue à exploração da mente humana (…). Neste período eclodem duas guerras mundiais, centenas de confrontos militares de toda a ordem, o holocausto do povo judeu pela barbárie nazi e a substituição da Europa, inicialmente pela diarquia dos Estados Unidos e da União Soviética e, mais recentemente, só por Washington. Mas o século XX é também aquele que assistiu ao maior progresso técnico-científico jamais conhecido, a avanços portentosos no conhecimento da natureza, e a uma explosão de criatividade indagadora e revolucionária nos campos das letras e das artes. O já citado Freud, Einstein e Picasso são exemplo de três nomes universais para um século, cujo último frémito é a unificação informativa e mediática do mundo: a Net seria, por isso, um quarto nome.
Século XX, Homens, mulheres e factos que mudaram a história, Público, El País, 2000
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